terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O medo da dívida

Recentemente, nos media, tem havido uma grande preocupação com os níveis de dívida de vários países da zona Euro ( e não só).

O caso mais mediático, que teve o seu apogeu neste mês de Janeiro que está quase no fim, foi o da Grécia. Um país que, nos mercados internacionais, é comparado à Irlanda, a Portugal, Espanha e Itália. São os denominados "PIIGS".
Ora esta comparação, a meu ver, não tem grande razão de ser, senão vejamos:
- Itália: um dos países do G8
- Espanha: taxas de desemprego de 15% a 20% são quase endémicas
- Irlanda: o menino bonito da UE que passou de um país pobre, insignificante e periférico para uma das economias mais vibrantes do início do século XXI, com amplas ligações aos EUA através da sua comunidade emigrante.
- Portugal: este já todos conhecemos

Deixei a Grécia para último lugar propositadamente. Este país, periférico, economicamente e politicamente instável desde a sua libertação do jugo otomano, sempre gozou das boas graças da União Europeia e do Ocidente em geral. Tal facto deve-se à sua posição geográfica na fronteira entre os Balcãs e a Ásia, entre o Mar Negro e o Mediterrâneo, entre o modo de vida ocidental, cristão, progressista e capitalista, e a cultura do Próximo Oriente, personificada pela Turquia, e a Rússia, que nos tempos da URSS circundava a Grécia por terra e mar.
A Grécia sempre foi o menino mimado da Europa por se encontrar nesta situação, tudo se lhe perdoava, todos a ajudavam, os próprios EUA viam na Grécia um bastião contra a URSS (daí a sua inclusão na NATO desde muito cedo). Mas chegamos a um ponto em que cada país tem de se preocupar com os seus próprios problemas económicos e políticos e a Grécia perdeu o seu estatuto de "queridinho do professor".

Interrogo-me se, caso fosse Portugal, a UE teria uma posição tão benevolente quando à nossa dívida pública ou se nos imporia uma série de restrições e medidas "à la FMI". Quem sabe... pode ser que num futuro próximo venhamos a descobrir.
Espero bem que não.

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