segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os pânicos de mercado e o Socialismo para os ricos

Durante vários anos a principal política dos principais bancos centrais foi abafar os ciclos económicos. LTCM em 1998, crise do sector tecnológico em 2000, ataque terroristas de 2001 são alguns exemplos. No entanto, a magnitude da crise imobiliária e forte instabilidade dos mercados em 2008 surpreendeu tudo e todos. Os bancos centrais entram em pânico e baixam as taxas de juro para mínimos históricos; os governos deixam os défices orçamentais disparar para dois dígitos, os bancos centrais passam a monetizar a dívida dos governos etc. Perante estas medidas de natureza excepcional, esperavam-se resultados excepcionais. Mas menos de um ano decorrido será que os resultados são mesmo positivos?

Os mercados accionistas registaram uma forte recuperação desde Março. Mas depois da forte queda registada em 2007 e inicio de 2008, nada de surpreendente. Sobretudo tendo em conta as quantidades maciças de liquidez injectadas pelos bancos centrais nos mercados monetários. Esta acabou por se reflectir na cotação de acções. Mais notas a perseguirem a mesma quantidade de acções. Pura ilusão monetária. O ouro acima dos 1000 dólares a onça é a prova de que os investidores deixaram de acreditar no papel moeda. Alias a cotação do dólar é neste momento superior à do S&P500!

Em termos de desemprego, os resultados são tudo menos animadores. Nos Estados Unidos a taxa de desemprego ultrapassou os 10.0% no último mês e todos os meses tem havido destruição de emprego. Se tivermos em conta as pessoas desencorajadas que entretanto desistiram de procurar emprego, a taxa de desemprego deverá rondar os 15%. Ou seja, os programas de estimulo económico ainda não surtiram impacto neste indicador. Aumenta-se a despesa pública, endivida-se os países, deixa-se uma dívida para as gerações futuras pagarem e hipoteca-se os futuro das economias para quê?
Supostamente para aliviar a dor e remediar os erros cometidas por meia dúzia de instituições financeiras. Que com o consentimento e conivências das entidades de supervisão deixaram os balanços alavancar entre 20x a 30 vezes para empolar os resultados e bónus dos respectivos administradores. Puro socialismo para os ricos. 300 milhões de pessoas a pagar o erro de meia dúzia nos EUA. Será isto economia de mercado? Os coitadinhos do sector financeiro subsidiados e ajudados…

A riqueza das nações não se obtém com politicas irresponsáveis. Como brincar aos défices, às taxas de juro e à taxa de câmbio. Não se resolve um défice de poupança com mais despesa publica. Isto acaba por constituir um saque ao poder de compra das pessoas. E taxas de juro encostadas a zero não aumenta a poupança das pessoas.
Este tipo de políticas levou a duas década completamente perdidas no Japão. E não há ainda solução à vista. Taxas de juro zero, divida publica superior a 150% do PIB e a economia simplesmente não cresce.
Por fim note-se que os investidores de mercado se tomam decisões erradas têm de assumir as consequências dos seus actos. Se erram muitas vezes seguidas podem ir à falência. Não existem ajudas dos bancos centrais quando situações como a Worldcom, Enron ou Maddoff ocorrem.

Os mercados são animais difíceis de domar. Interferências nos mecanismo de mercado acabam por se pagar caro. As pessoas devem ser responsabilizadas pelas decisões que tomam. Sobretudo porque as economias de mercado vivem de avanços e recuos com empresas a vingar e outras a falir. O mercado deve acima de tudo ser tratado com respeito.


Texto da autoria de:
José Dias
Trader da sala de Mercados
Golden Broker, SA